8.11.11

O PALHAÇO

O PALHAÇO - O FILME "Benjamim é um palhaço sem identidade, CPF e comprovante de residência. Ele vive pelas estradas na companhia da divertida trupe do Circo Esperança."

Começo dizendo que não é um filme que te faz gargalhar, embora seja engraçado.
"O Palhaço" me encantou por ser um filme mais artístico que comercial. Em vez de abusar de efeitos especiais, truques incríveis e corpos sensuais: piadas antigas, ângulos tradicionais, uma fotografia incrível e um clima real. A ideia de um palhaço triste não é original? não. Mas a forma que é tratado ali é real. É algo que podemos sentir. Incrível como Selton Mello é convincente e o elenco todo esbanja talento.

Quando o filme começou, pude jurar que se tratava de mais uma trama do sertão e o bla bla blá. Mas confesso que me surpreendi. Tem um lado todo humano - e, porque não, filosófico - Benjamin (Selton Mello) é um palhaço divertidíssimo, ótimo no que faz mas sente falta de algo. Essa necessidade é logo repassada à trupe toda. Eles sentem necessidade de algo, mas não sabem o quê. Querem algo novo, precisam inventar. Benjamin percebe que cansou mas não tem tempo para pensar do que cansou. Com ajuda de seu pai (Paulo José)  descobre e em meio a tantas necessidades, vai em busca da sua: descobrir qual é a sua. Eu me vi muito nele e acredito que muitos também se encontrarão porque  mostra uma fase muito importante na vida de todos e que muitas vezes permanece durante anos: o auto-encontro.

Outro ponto que contribuiu minha paixão ao filme, foram as críticas. Para o palhaço fazer qualquer coisa é necessário: Identidade, CPF e Comprovante de Residência. Com a vida circense, óbvio, não tem nada disso e cobrado incansavelmente pelo resto do mundo; uma vez abordado por um policial sobre o aval do circo, explica que não saiu ainda e o policial, sem pensar duas vezes, pede alguns ingressos para o espetáculo; há também um juiz e um mecânico que só se movem com a força do dinheiro; nos seus espetáculos ele precisa decorar nome do prefeito e faz o mesmo elogio a cada um, assim como as suas respectivas esposas. Quando aceitam o convite para um jantar, enquanto muitos deslumbram-se com fartura e luxos, o palhaço está apenas de corpo presente.

Pra mim, é um "filme de cabeceira", daqueles que você assiste várias vezes e desvenda detalhes, se emociona, se encontra e o vê diferente a cada vez. Recomendo.

* Não leve a sério nada desse texto, afinal é só mais um cara, comentando sobre tudo sem saber de nada.

Um comentário:

  1. Ainda não vi(já era pra ter visto ¬¬) mas me interessei de cara com ele... Sélton Mello vem se provando um belo diretor, a maioria de seus filmes tem esse cunho existencial e critico social incrível..não escrachado e fácil como tropa de elite por exemplo(não querendo ser pejorativo q fique claro) mas ele utiliza da arte antiga mermo... cinema arte para mostrar e levar as telas nossos defeitos e qualidades e nos fazer refletir..acima de tudo refletir..
    Sei que não deve ser um filme fácil...mas to ansioso pra conferir.. ainda mais agora com vc são 3 que me indicam com fervor esse filme...

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